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terça-feira, 16 de julho de 2013

Todo meu amor à quem escrever o nome de Feliciano em um Death Note.

(ou de qualquer uma dessas pessoas aqui)

Todo o meu amor à quem destruir essa bancada cristã.
Sim.
Destruir.

Primeiro, eu peço uma coisa: o meu direito à hipocrisia. Obviamente, a Constituição do país permite que essas pessoas divulguem suas ideologias como elas quiserem. Todas as pessoas que são brasileiras tem direito à liberdade de expressão. Se eu tenho direito de ser mimizenta, Bolsonaro tem direito de falar merda. Posso fazer nada. Até agora, não existe nem lei exigindo que ele seja menos escroto e o mundo não gira ao redor dos meus desejos. Se girasse, cê pode ter certeza que muita coisa nessa bagaça seria diferente.

Acontece, contudo, entretanto que não vou me fazer de boazinha e dizer que respeito esse povo. Respeito é o cacete. São pessoinhas detestáveis que ficam lá gastando o nosso dinheiro para serem detestáveis e fazerem coisas detestáveis e falando coisas detestáveis. Não vou nem entrar no mérito de "mimimi os salários dos deputados" porque não é esse o meu ponto. Não estou aqui discorrendo sobre os problemas da política do Brasil que, g-zuis, não são poucos. O meu foco aqui é outra coisa: é essa maravilhosa e estupenda bancada cristã que resolveu que é uma ótima idéia tentar construir uma teocracia nesse país. E quando cê acha que tá ruim, sempre vem alguém comprovando que existe uma maneira de piorar.

Sempre existe.

Eu passei muito tempo da minha vida tentando ser boazinha porque "mimimi mas Luna cê não pode exigir que todos pensem igual à você", "você não é melhor que ninguém", "etc". Desculpa.
Sou melhor que alguéns, sim.
Sou melhor que cada um deles.

Não tem como não ser.
Qualquer um que destruir a casa ou o carro deles, qualquer um que conseguir ferrar com eles - cara, eu faço questão de fazer campanha pedindo por ajuda jurídica e pelo veredicto de "inocente" quando vier a tropa inteira julgar. Não que eu seja uma pessoa que apóie violência em 100% dos casos. Apesar de eu ser uma pessoa relativamente violenta, eu acredito no poder do diálogo. Acredito que é possível conseguir as coisas pelo meio da conversa. Acontece que existe uma coisinha MUITO importante que não está sendo levada em conta:

Um diálogo só funciona quando ambas as pessoas estão dispostas a dialogar. Isso significa que: ambos os lados vão ter que, eventualmente, ceder.

Mas:
1. A bancada cristã não está interessada em diálogos, apenas em forçar seus estúpidos projetos de um novo Brasil que é extremamente exclusivo.
2. O nosso lado não pode ceder. Estamos falando de direitos civis. De respeito, dignidade, igualdade. Não se pode ~abrir mão~ de qualquer dos nossos objetivos.

Então, temos um impasse.
Um dos lados vai vencer e vai ser à força. Pode ser hoje ou em dez anos, mas na paz que isso não vai acabar. O fato é que existem pessoas, pessoas específicas com projetos específicos, que tem como objetivo de concretizar seus projetos para um Brasil "melhor" e esses projetos excluem, discriminam, criminalizam e validam a violêcia contra mulheres, homossexuais, transgêneros e por aí segue a lista. A existência dessas pessoas lutando para manter o status quo da sociedade, criando projetos cada vez mais surreais apenas pela paranóia de uma "ditadura gay", contando mentiras cada vez mais estarpafúdias e, pior de tudo, se fazendo de vítimas perante o país inteiro - a existência dessas pessoas me ofende pessoalmente. Porque essas pessoas estão lutando contra mim e contra toda e qualquer pessoa que não seja aceitável, seja por ser mulher, seja por ser gay/bi/pan (espere. eles não devem saber o que é uma pessoa pan), seja por ser transgênero, seja por ter uma crença não-cristã. Essa gente é perigosa: eles estão numa posição de poder, com dinheiro até no rabo, comprando até o capeta se for possível, financiando seus absurdos planos de firmar uma teocracia.

Não faço a mínima ideia de como contê-los além de confiar que os outros políticos ainda tenham o cérebro no lugar e, obviamente, pressioná-los. Pressionar pra caralho e fazer um drama digno de uma patricinha de filme americano quando os nossos direitos são tidos como menos importante do que a patética tentativa de ~margarinazar~ nossas famílias. Não consigo ser exatamente a pessoa mais otimista do universo a respeito, mas eu não acredito que eles vão conseguir firmar uma ditadura religiosa ou qualquer coisa do gênero - teriam que calar a boca de todos os grupos feministas, LGBT, trans*, transfeministas, contra o racismo, etc, etc. Eles tem que passar por cima da gente para conseguirem o que querem, e isso dificulta um pouco as coisas. Não é à toa que eles se aproveitaram de períodos de confusão, como no período das manifestações, para conseguirem passar projetos absurdos como o da Cura Gay por algumas sessões. Mas isso não quer dizer que eles não possam conseguir. Coisas mais improváveis já aconteceram. Se Feliciano ainda está lá, sendo o presidente da fucking Comissão de Direitos Humanos, e se um ruralista bem-conceituado no ramo de destruir o ecossistema é o presidente da Comissão do Meio Ambiente, então coisas absurdas, esquisitas e estúpidas podem acontecer. Como termos os nossos direitos, conquistados após muita luta (que não foi pacífica), ameaçados por uma corja de gente que acredita que o Brasil deve ser um país laico-cristão.

(eu ainda faço aquela cara de incredulidade total quando penso na expressão "laico-cristão". É como alguém dizer que é a favor do feminismo-masculinista)

Veja bem: estamos vivendo em um país que mulheres ainda morrem por abortos clandestinos (e eles querem criminalizar mais ainda os poucos casos em que o aborto é permitido), homossexuais morrem apenas por serem homossexuais, transgêneros não conseguem empregos, forçando as travestis, por exemplo, à viverem através da prostituição, vivendo à margem da sociedade. Isso sem contar os negros que recebem menos, tem menos oferta de empregos e morrem mais devido à violência (um bônus quando a violência vem da polícia!), pessoas de religiões demonizadas que vêem seus terreiros destruídos por grupos evangélicos, etc, etc, etc. A lista é infindável. O Brasil não é um país de todos. Nunca foi.

E então temos essas adoráveis pessoas que são praticamente a definição do atraso.
Não sei vocês, mas eu gostaria de achar um botão em que pudesse apertar e desistir de viver nesse mundo. Porque não vale a pena. Eu tenho vergonha, inclusive, de lembrar que pertenço à mesma espécie que essa gentalha.

A partir de agora, portanto, eu sou uma ninfa.

fuckyeahsubversivekawaii

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